11 outubro 2011

Lecionário

O lecionário é o livro litúrgico que contém os textos da Sagrada Escritura que são selecionados e organizados para serem proclamados nas celebrações litúrgicas. 

Ele é fruto da seleção e organização dos textos bíblicos destinados às celebrações, e reflete a exigência de que cada Igreja tome em mãos a palavra divina para meditá-la, proclamá-la e vivê-la segundo a própria sensibilidade espiritual e histórica. Aparece como um sinal da interpretação e do aprofundamento perene que a Igreja faz da Palavra em cada tempo e lugar, guiada pela luz do Espirito Santo. 

O lecionário é muito mais que um livro, é o modo, habitual e próprio, segundo o qual a Igreja lê nas Escrituras a Palavra viva de Deus, seguindo os diferentes fatos e palavras de salvação realizados por Cristo e, ordenados ao redor desses atos e palavras, os demais conteúdos da Bíblia. Respondendo à necessidade de proclamar os fatos e palavras de Cristo segundo os Evangelhos, e de reorganizar, ao redor dele, o restante das Escrituras. Deve-se conhecer o lecionário para compreender aquilo que a Igreja celebra e aquilo que ela vive. 

Para haver uma concordância de textos durante as celebrações litúrgicas, fez-se necessária uma seleção minuciosa. A introdução ao Elenco das Leituras da Missa destaca que a sucessão de Leituras está disposta da seguinte forma: 

Nos domingos e festas propõem-se os textos mais importantes, para que, num conveniente espaço de tempo, possam ser lidas diante da assembleia dos fiéis as partes mais relevantes da Palavra de Deus. A outra série de textos da Sagrada Escritura, que de certa forma completa o anúncio da salvação desenvolvido nos dias festivos, assinala-se para os dias da semana. A ordem das Leituras dominical-festiva desenvolve-se num triênio, ao posso que a dos dias de semana o faz num biênio. Por isso, a ordem das Leituras dominical-festiva procede de maneira independente da dos dias de semana, e vice-versa. 

Em relação às celebrações dos santos, e para missas rituais, ou votivas, ou dos defuntos, a seleção é de acordo com os próprios rituais. 

Quanto às divisões, o lecionário se divide, em geral, por ‘gênero’. No lecionário dominical constam as Leituras dos Domingos e Solenidades que são anunciadas neste dia. O ferial é o lecionário que se utiliza durante a semana. O santoral contém as Leituras que estão de acordo com a vida de cada santo, mártir. 

Sobre a distribuição das Leituras nos domingos e festas, são três Leituras: 

A primeira, do Antigo Testamento, a segunda, do Apóstolo (isto é, das Epístolas dos Apóstolos ou do Apocalipse, segundo os diversos tempos do ano), a terceira, do Evangelho. Com esta distribuição sublinha-se a unidade do Antigo e do Novo Testamento, e da História da salvação, cujo centro é Cristo e seu mistério pascal que celebramos. 

É importante mencionar que, nos domingos e festas, as Leituras somente se repetirão depois de três anos, pois, como já foi mencionado, elas seguem um esquema de triênio. 

Entre a Leitura do Antigo Testamento e do Novo, existe uma composição harmônica, principalmente nos casos que os ensinamentos e fatos expostos nos textos do Novo Testamento têm uma relação mais ou menos explícita com os ensinamentos e fatos do Antigo Testamento. No atual Elenco das Leituras da Missa, os textos do Antigo Testamento foram selecionados principalmente por sua congruência com os textos do Novo Testamento, especialmente com o Evangelho que se lê na mesma missa. 

Os textos das Leituras, em alguns tempos, também possuem princípios, características temáticas quanto ao tempo litúrgico, para levar o fiel a conhecer mais profundamente a fé que professam e a história da salvação. Por exemplo, no tempo do Advento, da Quaresma e da Páscoa. Nos domingos do Tempo Comum, que não são Solenidades e nem Festas, as Leituras das Cartas e do Evangelho se distribuem segundo a ordem da Leitura semi-contínua, e o texto da Leitura do Antigo Testamento está em harmonia com o Evangelho. 

Nos dias de semana, cada missa (ferial) possui duas Leituras. A primeira é do Antigo Testamento ou do Apóstolo, exceto no Tempo Pascal, quando é retirada dos Atos dos Apóstolos. E a segunda Leitura é o Evangelho. No Tempo Comum, as Leituras variam em ano par e impar, e são semi-contínuas, mas o Evangelho não. Nos tempos do Advento, Quaresma e Páscoa, a Leitura e o Evangelho não possuem variação. 

Para a tradução, pede-se que seja em língua vernácula e que se conserve o uso tradicional dos nomes dos livros bíblicos, exceto em alguns casos especiais. 

Assim, vendo os aspectos do lecionário, podemos concluir que os princípios diretivos da sua organização são: três Leituras nos domingos e festas: profeta, apóstolo e Evangelho; ciclo de três anos para o lecionário dominical e festivo, e de dois anos para o lecionário ferial do tempo durante o ano; independência e complementariedade do lecionário ferial em relação ao dominical; possibilidade de seleção de Leituras nas missas rituais, do comum dos santos, votivas, por diversas necessidades e de defuntos; conservação do uso tradicional de alguns livros da Escritura em determinados tempos litúrgicos; maior presença do Antigo Testamento; e podemos também mencionar a recuperação de alguns textos evangélicos ligados ao catecumenato.

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